15 de outubro de 2014

Refugie-se na presença de Deus!

“Confiai nele, ó povo, em todo tempo; derramai perante ele o vosso coração; Deus é o nosso refúgio”. (Salmos 62.8)

O ser humano tem uma necessidade natural de se comunicar. Se vencemos, queremos proclamar ao mundo. Se perdemos, desejamos desabafar pelo menos com alguém.

Sempre fui uma pessoa extremamente aberta e espontânea. Mas os anos vão passando e vamos aprendendo, às vezes de maneiras dolorosas, que ser transparente não necessariamente significa estar exposto à opinião pública.

Você se lembra das belíssimas cristaleiras de casas antigas? Móveis de madeira trabalhada, com portas de vidro, onde se guardavam bem protegidas as melhores e mais preciosas louças e cristais da família? Esses móveis expressam bem como devemos colocar em prática nosso bom senso quando se trata de nossa intimidade. Precisamos aprender a preservar o que temos de mais valioso.

Precisamos selecionar o que se tornará conhecido pelas pessoas. Nem sempre elas nos compreenderão e más interpretações (ou até mesmo aparentes más interpretações) podem ferir nossos sentimentos ou nos colocar em situações desagradáveis.

Mas quando se trata do nosso Deus, que é nosso Pai Celestial, não necessitamos ter reservas. No verso 8 do Salmo 62, o salmista nos encoraja a confiar em Deus e derramar perante Ele o nosso coração, pois Ele é o nosso refúgio.

Precisamos correr para Ele em primeiro lugar. Confiar Nele mais do que nas pessoas. Derramar, ou seja, expor perante Ele nossos sentimentos. As grandes informações da nossa vida precisam ser direcionadas a Deus, primeiramente. Em oração, Ele nos filtrará a consciência e então passada a ansiedade de falar com alguém (uma vez que já teremos satisfeito essa carência humana na presença do Senhor), estaremos protegidos de nós mesmos!

Uma coisa que me desafia no exemplo de Jesus é que Ele constantemente desabafava, se derramava emocionalmente diante do Pai. Quando teve medo, expôs ao Pai (Mt 26.39). Quando a solidão doeu e gerou conflito, questionou ao Pai (Mt 27.46). Quando se decepcionou com o seu próprio povo, intercedeu por ele ao Pai (Lc 23.34). Quando venceu, foi para a destra do Pai (Mc 16.19). O Pai era tudo para o Filho. O Pai estava no Filho e o Filho no Pai. E o Filho tudo fazia por meio do Pai (Jo 14.10). Isso é tão profundo! Tão perfeito! De maneira que Jesus desejava esse nível de comunhão para todos nós.

“… Rogo também por aqueles que crerão em mim… Que eles também estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. Dei-lhes a glória que me deste, para que eles sejam um, assim como nós somos um: eu neles e tu em mim. Que eles sejam levados à plena unidade, para que o mundo saiba que tu me enviaste, e os amaste como igualmente me amaste” ( João 17.20 – 23).

Você não precisa mais viver a frustração de uma expectativa humana não correspondida de atenção, compreensão, aconselhamento e valorização. Tudo isso você e eu podemos experimentar em Deus. Quando confiarmos mais Nele. Quando derramarmos mais diante dele o nosso coração. Quando definitivamente o reconhecermos como nosso refúgio.

Você é um cristal. Transparente sim, pois é maravilhoso ser verdadeiro e sincero. Mas como cristal que é, é valioso demais para estar exposto a ser sujo, derrubado e quebrado por uma exposição desnecessária. Há o momento de usar publicamente o cristal. Há o momento de falar, desabafar e contar vitórias. Mas na maior parte do tempo, guarde sua intimidade na cristaleira. Refugie-se na presença de Deus!


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