Quando aquele marido, após anos de dificuldades de expressão de afeto por parte dele e barreiras para o recebimento de afeto dado por sua esposa, percebeu que ela não mais possuía um amor por ele como no passado, e que ela estava confusa sobre seus sentimentos por ele, ficou muito angustiado, e disse: “Eu não percebia que estava perdendo você!” E estava.

Esse é um momento muito duro na vida de um casal. Um momento em que a esposa pode facilmente fantasiar e até se aproximar de um “caso” extraconjugal, na busca daquela afetividade tão desejada e mal suprida. Evidentemente, isso não resolverá a situação, a não ser momentaneamente, porque, no desejo de encontrar o “amor de sua vida”, ela pode tornar-se cega para outros aspectos da pessoa com quem venha a se envolver, os quais podem ser tão complicados como os do seu marido. Não é difícil haver afetividade gratificante numa relação extraconjugal, quando os encontros ocorrem apenas em momentos agradáveis.

Esse marido, que agora percebe bem a sua própria necessidade pessoal de afeto, à parte da sexualidade, pode compreender melhor o que sua esposa falava anos atrás, quando ela dizia que sentia falta de carinho. Ele pode, então, passar a valorizá-la como pessoa e compreender como é importante ter uma pessoa fiel, que o ama e manifesta esse amor com expressões de carinho. Ele pode passar a buscar esse carinho nela e querer dar também. Mas como ela está confusa, talvez seca por dentro e machucada afetivamente, ele terá de esperar. Terá que se expor para falar do seu amor por ela e do valor dela para ele, coisas que antes ele não percebia, ou percebia muito pouco.

O amor precisa ser nutrido, assim como uma planta necessita de cuidados para crescer. Se ele parece ter desaparecido da relação, tenha calma, perdoe a si mesmo por seus erros, peça perdão por sua frieza e cegueira afetiva, não “dê uma de vítima”, não implore afeto obsessivamente. Espere. Demonstre amor sincero sem sufocação. A planta pode renascer. O AMOR pode fazer o amor renascer na aridez de um coração sofrido.
Cesar Vasconcellos de Souza - Ultimato