14 de novembro de 2014

Família: Carga preciosa

Em um dos seus livros, Max Lucado conta uma das histórias favoritas de Clovis Chappell, um pastor do século passado. Chappell contava a estória de dois barcos a vapor. Ambos saíram de Memphis aproximadamente ao mesmo tempo, viajando pelo Rio Mississipi em direção a New Orleans. Viajando lado a lado, os marinheiros de uma embarcação faziam comentários sobre o passo de tartaruga da outra. Houve troca de palavras, foram feitos desafios e a corrida começou. A concorrência ficou acirrada enquanto as duas embarcações rumavam em direção ao Sul.

Uma embarcação, no entanto, começou a ficar para trás por falta de combustível. Havia bastante combustível para a viagem, mas não para uma corrida. Enquanto a embarcação ficava para trás, um marinheiro empreendedor pegou uma parte da carga da embarcação e a jogou nos fornos. Quando os marinheiros viram que os suprimentos queimavam tão bem quanto o carvão, abasteceram o forno da embarcação com o material que tinham sido incumbidos de transportar. Acabaram por ganhar a corrida, mas queimaram toda a carga.

A mensagem é clara. Assim como aqueles marinheiros tinham cargas preciosas para serem transportadas, Deus incumbiu também os pais com valiosa responsabilidade: a sua família. A tarefa dos pais é zelar para que essa “carga”, a família, chegue ao seu destino. Mas, infelizmente, muitos têm colocado à frente disso o desejo de ganhar mais dinheiro, busca pelo sucesso e reconhecimento no trabalho, seja secular ou eclesiástico, em vez de dar prioridade às pessoas que Deus lhes deu para amar, compartilhar sonhos, divertir, chorar, sorrir e educar.

Quantas vezes somos tentados, no dia a dia, a não valorizarmos o convívio familiar: o passeio de mãos dadas com o cônjuge, o levar os filhos para andar de bicicleta, montar um quebra-cabeça juntos e tantas outras coisas que podemos fazer para demonstrarmos o quanto essas “cargas” são valiosas.

Em um dos nossos seminários, pedimos que os casais dessem sugestões de atividades a custo baixo, que poderiam enriquecer a relação conjugal. Dezenas de atividades foram apresentadas. Então pergunto: “Qual foi a última vez que vocês fizeram isto?” Nem precisa responder. Somos tentados a encarar essas coisas como “perda de tempo” ou adiáveis. Por que muitos casamentos estão “queimados”?

Por que muitos relacionamentos familiares já chegaram à exaustão? A resposta é óbvia: a família está sendo sacrificada impiedosamente, seja na corrida profissional ou eclesiástica. A família tem tido prioridade em sua agenda? O escritor americano Stephen R. Covey afirma: “Não há como ser bem-sucedido em nossa família se esta não for a prioridade da nossa vida”. Aprofundando a questão da prioridade da família, Covey volta a afirmar: “Se de fato considerar o item ‘família’ como sua prioridade máxima, você tem de ‘ir à luta’ e provar com as suas ações”.

Scott Peck, no livro “A trilha menos percorrida” declara com frieza: “A vida é difícil”. E é mesmo. É a competição desleal no trabalho, o orçamento apertado que quase não chega ao final do mês, é a necessidade de estar sempre atualizado para não ser “engolido” pela modernização. Tudo isso é uma realidade, mas não podemos, de forma alguma, colocar nosso casamento, nossos filhos, nossa família, no “forno” e transformá-los em combustível.

Concluo, citando Stephen Richards: “De todas as vocações que os homens podem seguir na vida, nenhuma é tão carregada de responsabilidade e provida de tantas ilimitadas oportunidades como a grande vocação de marido e pai. De nenhum homem, por maiores que sejam suas realizações, pode-se dizer, em meu julgamento, que conquistou o sucesso na vida, se não estiver rodeado de seus entes queridos”. Pense nisso!
Pr. Gilson Bifano

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