7 de fevereiro de 2015

Estudo biblico - Dons Espirituais

Dons Espirituais Texto Base: 1 Co.12:1-11

Introdução:

Os dons espirituais objetivam a edificação da Igreja. Trata-se da manifestação do Espírito Santo através de uma variedade de dons ((gr) charisma) concedidos aos crentes, cujo propósito é promover o desenvolvimento do corpo de Cristo e manifestar o poder de Deus.

I - Definição de Dons Espirituais
A palavra “dom” (gr) charisma), significa graça ou favor. São dotações, capacitações sobrenaturais que o Senhor Jesus, por intermédio do Espírito Santo, outorga à Igreja, visando 1 a expansão universal da sua obra e 2 a edificação dos santos. Importa não confundir dom com talento. Talento é uma habilidade inata da pessoa. É uma facilidade natural para executar alguma tarefa, seja musical, artesanal ou intelectual. Toda pessoa, independente de ser ou não cristã, tem pelo menos um talento.

II - A Atualidade dos Dons Espirituais
- Idéias Controversas em Torno dos Dons Espirituais

Existem várias defesas doutrinárias em torno da manifestação dos dons espirituais. As principais correntes podem ser classificadas em cessacionista e continuacionista (pentecostais, neopentecostais...). A discussão básica desses grupos está centrada na questão sobre a continuação ou não de todos os dons espirituais contidos no cânon sagrado.

2- Argumento Cessacionistas

Os cessarionistas acreditam que as manifestações dos dons espirituais cessaram após a era apostólica, quando então o evangelho já havia alcançado os confins da terra (At.1:8; Rm.15:28). Para justificar sua posição, usam de forma equivocada alguns textos fragmentados como o de Paulo aos coríntios, por exemplo, em que ele diz: “mas havendo profecias, serão aniquiladas, havendo línguas cessarão...” (1 Co.13:8-10). Porém, desconsideram o que no versículo 10 diz: ”mas, quando vier o que é perfeito, então o que é em parte será aniquilado”. O advérbio “quando” na frase, modifica totalmente as circunstâncias da ação porque indica um tempo não determinado. O fato é que essa era perfeita, ainda não chegou.

3 – Argumento Continuacionistas

Os continuacionistas ao contrário, defendem que os dons espirituais continuam disponíveis nos dias atuais. Apóiam-se dentre outros textos nas profecias de Joel onde ele registra a fala do Senhor “nos últimos dias derramarei do meu Espírito por sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões e sonharão vossos velhos; até sobre os meus servos e sobre as minhas servas derramarei o meu Espírito naqueles dias, e profetizarão [...] ,(Vs20b) antes de chegar o grande e glorioso Dia do Senhor” (Joel 2:28-31; At.2:16-20).

Consideram ainda, a repreensão de Paulo aos coríntios pelo fato de estarem fazendo uso inadequado dos dons espirituais (1Co.14). Veja que, Paulo não desconsiderou a existência dos dons, mas enfatizou que os mesmos, não deveriam ser usados de qualquer forma, mas de maneira equilibrada a fim de que resultasse na edificação da Igreja. Mais adiante ele complementa: “não proibais falar em línguas [...], mas faça-se tudo decentemente e com ordem” (1Co.14:39-40). O que fica evidente é que não se trata de negar a existência dos dons, mas disciplinar a sua aplicação.

O fato inequívoco é que esse fenômeno é real e continua atual, está presente nas Igrejas e não podemos nos furtar ao estudo para que, assim como ontem, continue promovendo o crescimento do corpo de Cristo. Nesse estudo vamos abordar os principais dons.

III – Classificação Geral dos Dons

Dons do Saber

I – Dom da Sabedoria

Trata-se dos dons extraordinários e sobrenaturais dado ao crente. “Porque a uns é dada, pelo Espírito a palavra sabedoria...” (1Co.12:8). A palavra sabedoria, do ponto de vista humano pode ser interpretada como um acervo de conhecimentos (erudição) acadêmicos ou o bom senso adquirido através da vivência prática. Segundo Paulo “a sabedoria humana é loucura para Deus” (1 Co.3:19). Porém, em se tratando de dom, é uma sabedoria especial que Deus concede ao homem para aplicar os conhecimentos referentes à Palavra, na solução de assuntos práticos da vida (Ef.1:17).

Trata-se de um entendimento sobrenatural acerca de uma questão específica, muitas vezes insolúveis, onde Deus descortina o mistério e torna a questão compreensível, possibilitando uma solução para o problema. Podemos citar como exemplo prático o caso Salomão na solução que à causa apresentada pelas mães (1 Reis 3:16-28) em relação às duas crianças.

OS TRÊS TIPOS DE SABEDORIA QUE OPERAM NO HOMEM
Sabedoria Satânica

É sempre empregada com propósito maligno. Existem pessoas dotadas de sabedoria diabólica, que fazem de tudo para alcançar seus propósitos. A sabedoria satânica se caracteriza pela inveja, sentimentos facciosos, etc (Tg.3.14-16; Ez.28.12-17).

Sabedoria Humana ou Natural

É uma sabedoria que limita-se aos interesses desta vida. A sabedoria humana concerne preponderantemente à vida presente. Tal sabedoria pode levar o homem a ter sucesso em diferentes áreas. Todavia, o homem pode possuir grande sabedoria natural e, contudo, não conhecer a Deus (Lc.14.28-32).

Sabedoria Divina

Se caracteriza por adotar os melhores meios possíveis para promover a grandeza do reino de Deus. É a sabedoria evidenciada pelo homem espiritual e não se confunde com a sabedoria natural. Esta sabedoria de Deus não é o dom especial do Espírito (palavra de sabedoria), pois a sabedoria divina é essencial a todos: “E, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente” (Tg.1.5). Através da Escritura, todos os servos de Deus são encorajados a buscar esta sabedoria, que é uma necessidade na vida diária. A sabedoria divina é tremendamente necessária à igreja para o uso correto dos dons de Deus.

2 - Palavra do Conhecimento (ciência)

O dom do conhecimento (1 Co.12:7-8) se refere a um saber ou uma habilidade sobrenatural concedida ao homem pelo Espírito Santo para revelar algo que seria humanamente impossível saber. Desta forma, a mensagem de Deus é traduzida de uma forma simples, compreensível e acessível a todos (At. 5:3-5, 7-10). Esse dom pode se manifestar em várias situações práticas como por exemplo, na solução de problemas difíceis, defesa da fé, resolução de conflito, no ensino dentre outras situações.

3 – Discernimento dos Espíritos

É a capacidade dada pelo Espírito Santo para identificar qual a procedência da operação ocorrente no momento: 1Deus, 2 Homem, 3 Diabo (At. 16:16-18). Em outras palavras, é a habilidade especial de enxergar com os olhos espirituais e perceber se a manifestação de algum fenômeno procede de Deus ou não. Nesse caso, o conhecimento da Palavra é condição essencial para identificar com mais clareza a procedência da ocorrência .Quanto mais sintonia com a vontade de Deus, maior o nível de discernimento.

Dons de Poder

1- Dom de Fé

De uma forma geral, a fé é a capacidade de crer. Em se tratando de dom, é uma operação sobrenatural na qual o Espírito Santo dá a convicção de que realizará algo impossível na expansão do Reino de Deus (1Reis 17:1). É também, segundo Paulo “o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não veem” (Hb.11:1). É um dom gratuito de Deus que está à disposição de todo crente, é só pedir e Ele concede.

O tamanho da fé está atrelado ao nível de conhecimento de cada um. Quanto maior o conhecimento, maior a fé. A fé, enquanto recurso sobrenatural de Deus só pode ser gerada em nossos corações a medida que ouvimos a Palavra. Em Romanos está escrito que “a fé vem pelo ouvir a Palavra de Deus“ (Rm.10:17).

Portanto, se ouvirmos a Palavra e considerarmos que se trata da revelação de Deus manifestada aos homens, e crermos, ela produzira uma certeza, uma convicção e, consequentemente produzirá a esperança. As Escrituras nos dizem que, “sem fé, é impossível agradar a Deus” (Hb11:6). Jesus mesmo disse, “tudo é possível ao que crê” (Mc.9:23). Portanto, o nosso milagre depende da nossa fé.

2- Dons de Curar

Curar significa “tornar alguém são”. São manifestações da graça de Deus e de Sua bondade aos homens. Enquanto dom, são capacitações especiais concedidas a pessoas pelo Espírito Santo para curar diferentes tipos de enfermidades (1Co.12:9). O dom de cura está intimamente ligado com o dom da fé. É a intervenção direta de Deus em favor dos necessitados.

Há propósitos diferentes na questão da cura. No primeiro caso, trata-se da glorificação do nome do Senhor, em cumprimento da Sua Palavra (Lc.25:23-26). No segundo caso, é a manifestação do amor de Deus, que minimiza o sofrimento da humanidade (MT.9:37; Mc. 1:41).

3- Operação de Maravilhas

O dom de operação de maravilhas é a capacidade sobrenatural concedida aos homens (crentes), para demonstrar o poder de Deus e despertar a fé, conferindo autenticidade à mensagem evangélica (1 Co. 12:10) e glorificar o nome do Senhor. São operações de milagres 1 extraordinários, 2 surpreendentes, 3 espantosos para levar os incrédulos à conversão e fortalecer os crentes fracos (At. 8:6; 19:11).

Dons de Elocução

1- Dons de Profecia

A palavra profecia vem do grego prophetesia. A etimologia dessa palavra uma combinação de pro (antemão, antes do tempo) e phetes (falar no lugar de outrem). Pode ser definida como falar como intérprete ou porta voz de alguém, como um mensageiro. Trata-se de um dom concedido pelo Espírito Santo para transmitir a vontade de Deus aos homens.

Na linguagem hebraica, o termo profecia transmite a idéia de ‘borbulhar’, de uma fonte d’água, ou ainda, ‘transbordar’, de um caldeirão fervendo. Também nesse caso, um profeta é aquele que fala em nome de alguém, predizendo a maneira pela qual Deus vai agir no meio de seu povo.

Existem três tipos de profetas a saber:

1.1. Profeta do Óbvio

Esse tipo de profecia é motivada por interesses estranhos à vontade de Deus e gira em
torno de situações genéricas que podem ser comuns a muitos, em situações prováveis.
Em geral esse tipo de profecia começa assim: "Deus me revela que há aqui nesse lugar
pessoas com problemas na coluna...", ou outras situações que seguem o mesmo roteiro.

1.2. Profeta da Confusão

Esse tipo de profeta não tem compromisso com a verdade (Jo.8:32; 14:6a), e por isso
suas profecias acarretam confusão, divisão ou até mesmo se torna responsável por falsas
doutrinas. Jesus disse: "quem fala de si mesmo busca a sua própria glória" (Jo.8:18a).
Deus não compactua com o erro e não está presente nas confusões criadas pelo homem
(1Co.14:33a).

1.3. Profeta de Deus

O verdadeiro profeta é boca de Deus e assim sendo, não contradiz a Palavra. Tem um
senso de justiça muito apurado e não age de conformidade dos homens mas, cumpre a
vontade de Deus, mesmo não sendo compreendido. Suas profecias estão sempre
alinhadas com a vontade de Deus e por isso se cumprem.

De forma geral no que concerne ao dom da profecia, é necessário ficar bem atento se a mensagem procede de Deus ou não. Deve ser julgada a fim de se averiguar a sua procedência (1Co.14:29; 1Tess.5:20-21). Se for de Deus ela se cumpre, do contrário, a responsabilidade recai sobre quem falou. A esse respeito, é bom meditar sobre o que disse o profeta Jeremias: “Assim diz o Senhor dos Exércitos: Não deis ouvidos às palavras dos profetas que entre vós profetizam da visão do seu coração, não da boca do Senhor” (Jr.23:16).

No Novo Testamento, na maioria das vezes, as profecias ocorriam com a finalidade de levar estímulo e incentivo à pessoas em ocasiões especiais quando isso se fazia necessário (At.15:22). Não há nada de errado em pedir-se a confirmação de Deus a respeito de uma profecia, uma vez que o Senhor tem compromisso com a verdade.

Algumas situações também são necessárias para que haja bom aproveitamento desse dom, para que a mensagem atinja o seu objetivo. A mensagem deve ser clara e por isso deve ser enunciada em idioma de quem a profere, para cumprir com o tríplice propósito de “1edificação e 2exortação, 3 consolação” da Igreja (1 Co.14:3). O profeta tem que ser uma pessoa de oração e ter como centro a vontade de Deus porque, “se alguém falar, fale segundo a vontade de Deus” (1Pe.4:11).

A pessoa que recebe o dom ministerial de profeta tem duas funções básicas a cumprir:

1. Predizer – dizer algo sobre um evento antes que aconteça;
2. Proclamar – significa seja, anunciar. Um profeta de Deus fala por inspiração Divina. Fala inspirado pelo Espírito Santo. É alguém que explica a palavra de Deus ao povo, ou seja, que simplesmente traduz a mensagem de Deus, tal como a recebe, sem nenhuma interferência.

Para que essa água cristalina possa jorrar do trono na sua essência mais pura, o profeta deve se colocar em oração constante para estar revestido do Espírito Santo. Deve ter profundo conhecimento da Palavra porque a mensagem de Deus não se contrapõe ao que está escrito nas Escrituras. Portanto, conforme diz Paulo, deve “apresentar-se diante de Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a Palavra da Verdade” (2Tm.2:15).

2 - Variedades de Línguas - ((gr) glossolalia)

O dom de variedade de línguas é algo sobrenatural que o crente recebe ao ser batizado no Espírito Santo. Variedade é o mesmo que diversidade (subdivisões, baseadas em ligeiras diferenças), obedecendo sempre um mesmo princípio ou fonte. Através desse dom, o crente ora, adora e louva a Deus de modo sobrenatural, numa comunicação direta com Ele (1 Co.14:2, 5, 13,23; Atos 2:7-12).

Esse dom traz edificação para quem o possui. Somente edifica a Igreja se houver, por outro lado outro dom, o de intérprete (1Co.14:4-5). Paulo recomenda, também, que esse dom seja exercido com decência, sem atrapalhar o andamento das atividades da Igreja (1Co.14:40).

3 – Interpretação de Línguas

Esse dom interpreta, esclarece a mensagem das línguas estranhas, dando-lhe um significado para que haja edificação (1Co,14:5,13,27,28). È um dom concedido pelo Espírito Santo. A pessoa com esse dom recebe, naturalmente da parte de Deus de forma abundante e tranqüila.

Conclusão

Pelo presente estudo, não é possível ignorar que os dons espirituais estão presentes na Igreja atual. Porém, é necessário que esses dons sejam usados com responsabilidade para que haja crescimento, edificação no corpo de Cristo. Nossos irmãos do passado, da Igreja de Corinto, cometeram erros graves no que diz respeito ao uso dos dons espirituais por total falta de conhecimento. Que possamos refletir sobre essas questões tão relevantes, irmãos. Que possamos buscar a excelência dos dons espirituais através do estudo, oração, diligência, disciplina e sabedoria na sua aplicação, amém!

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