14 de fevereiro de 2016

O bom obreiro e o discipulado

Caros irmãos, vivemos um momento importante na vida da nossa Amada Igreja do Senhor Jesus Cristo. Graças a Deus, o Senhor tem nos dadas muitas vitórias como “Corpo de Cristo”, mas sabemos que estamos apenas colocando as bordas do solado dos nossos pés no grande rio da graça e da unção do Senhor dos Senhores e Reis dos Reis, o Leão da Tribo de Judá, o Cristo Bendito.

Temos muitos desafios pela frente, Jesus disse: “A Seara realmente é grande, mas são poucos os trabalhadores. Rogai ao Senhor da Seara que envie trabalhadores para a Sua Seara”. O que Deus quer realizar através de nossas vidas? Jesus certa vez disse: “Se nós não clamássemos até as próprias pedras clamariam”. O clamor do mundo faz ouvir em nossas almas o desespero, a dor, a frustração de pessoas perdidas, sem rumo, desorientadas, sem esperança. Este clamor deve criar em nós a devida sensibilidade, a qual foi bem peculiar no Nosso Modelo que foi o Senhor Jesus Cristo, que quando esteve neste mundo contemplou as necessidades dessas almas.

Como “Corpo de Cristo” precisamos agir e o momento é para ontem. A finalidade deste deste blog é uma alternativa que Deus tem nos dado , a fim de termos um “modelo” em que possamos nos identificar com o objetivo de alcançar as almas cativas para o Senhor Jesus Cristo. Você não pode ficar ausente mesmo que já tenha um amadurecimento na vida de um discípulo, este é o momento de compartilhar com os mais novos o conhecimento adquirido através de experiências e estudos da Palavra de Deus.

O QUE É UM OBREIRO?

Pessoa do gênero masculino ou feminino, que após ter sido tocada pela Palavra e pelo Espírito Santo, sente o desejo e a necessidade de retribuir o benefício recebido com um trabalho voluntário e contínuo na Casa do Senhor. A palavra Obreiro vem de “obras”. O apóstolo Tiago fala que a fé sem as obras é morta. Diz que a fé é vista pelas obras. Na Casa do Senhor existem muitas atividades que precisam ser executadas: portaria; recepção de visitantes; socorro aos necessitados; visitas aos enfermos, fracos e desanimados, encarcerados, cuidados com a segurança, conservação do patrimônio etc. Atividades conferidas aos obreiros, tanto as materiais ou humanas como as espirituais.

E O DISCÍPULO? SERÁ QUE É A MESMA FUNÇÃO?

Discípulo vem da palavra “disciplina”, pessoa aplicada, um termo utilizado rotineiramente nas forças militares. Todo discípulo deve ter disciplina, ordem, deve seguir o Senhor Jesus Cristo não só como seu Salvador, mas principalmente como seu Senhor.

O conceito do discipulado não era novo quando Jesus chamou homens e mulheres para segui-Lo; assim, não é de surpreender, que embora o verbo “discipular” ocorra somente 25 vezes no NT (6 vezes nos Evangelhos). O substantivo “discípulo” aparece mais de 264 vezes, exclusivamente nos Evangelhos e em Atos. No grego a palavra significa “ser aprendiz” de alguma profissão, um estudante de algum assunto ou o aluno de algum mestre. Nos tempos do NT encontramos o mesmo significado primário nos termos “discípulos de Moisés” (os estudantes da Lei Mosaica) e “discípulos dos fariseus” (aqueles que se preocupavam com o conhecimento detalhado da tradição judaica, de acordo com a Torá). Esses discípulos se submetiam inteiramente ao rabino, e não tinham permissão de estudar as Escrituras sem a orientação do mestre, embora esperassem se tornar professores depois do treinamento extensivo. Mais próximos do conceito especificamente cristão estavam os seguidores de João Batista, os quais se apegaram a esse profeta do NT. Seguindo o exemplo do mestre, jejuavam e oravam, confrontavam os líderes judeus e permaneceram leais a João durante sua prisão e execução. Diferentes dos discípulos de Moisés e dos fariseus, os discípulos de João eram totalmente comprometidos com o mestre e com sua mensagem.

Assim, vemos que a ideia básica do discipulado era amplamente aceita quando Jesus começou seu ministério. Ao mesmo tempo, quando Ele tomou a iniciativa de convidar pessoas para segui-Lo, quando as chamou primeiramente a si próprio e não apenas ao seu ensino, quando esperava delas total obediência, quando as ensinou a servir e as advertiu que iriam sofrer, e quando reuniu ao seu redor um grupo diversificado de pessoas comuns, obviamente Ele estava criando um padrão único e radical de discipulado.

CARACTERÍSTICAS DE UM DISCÍPULO
Amor Supremo por Jesus Cristo

Nosso amor a Cristo deve ser tão grande que todas as outras afeições, por comparação, são “aborrecimentos”. Somente quando nos dispomos a renunciar à própria vida estamos na posição que Ele quer.

Negação do “eu”

Negação do “eu” não é o mesmo que abnegação. Esta significa abrir mão de certos desejos, prazeres ou posses. A negação do “eu”, porém, significa completa submissão ao senhorio de Cristo, de modo que o “eu” não tenha nenhum direito ou autoridade. Significa que o “eu” abdica do trono.

Escolha Deliberada da Cruz

A cruz não é alguma enfermidade física ou angústia mental, essas coisas são comuns a todos os homens. A cruz é um caminho escolhido deliberadamente. A cruz simboliza a vergonha, a perseguição e o abuso que o mundo impôs ao Filho de Deus, e que imporá também a todo aquele que escolhe ficar contra a correnteza.

Vida Dedicada a Seguir a Cristo

O que caracterizava a vida do Senhor Jesus? Foi uma vida de obediência à vontade de Deus. Foi uma vida no poder do Espírito Santo. Foi uma vida de serviço altruísta a outros. Foi uma vida de paciência e de longanimidade, mesmo em face das piores injustiças.

Amor fervoroso por Todos os que Pertencem a Cristo

Este é o amor que considera o outro acima de si próprio. É o amor que cobre uma multidão de pecados. É o amor que suporta o sofrimento e é benigno. Não se vangloria e não se ufana.

Permanência Inabalável na Palavra

O verdadeiro discipulado é contínuo. É fácil começar bem, irrompendo em uma explosão de glória. Entretanto, o teste da realidade é a perseverança até o final. Obediência de vez em quando não conta. Cristo espera daqueles que o seguem a obediência constante e irrestrita.

Renúncia de Tudo para Segui-Lo

Talvez este seja o menos popular dos termos de Cristo para o discipulado: “Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo” (Lc. 14.33). Pode bem ser o versículo mais impopular da Bíblia. O que significa renunciar a tudo? Significa disposição de abandonar tudo aquilo que não é absolutamente essencial e investir os bens materiais na propagação do evangelho.

MULTIPLICAÇÃO DE DISCÍPULOS

a) Evangelização – Falar de Cristo, em obediência à ordem de ir por todo o mundo e pregar o Evangelho a toda criatura (Mc. 16.15). 
O resultado do esforço evangelístico é o novo convertido.

b) Edificação – Ajudar o novo convertido no seu crescimento em Cristo, através do conhecimento das doutrinas fundamentais da fé cristã. O apóstolo Paulo diz em Cl. 2.6-7: “Ora, como recebestes a Cristo Jesus, o Senhor, assim andai nele, nele radicados e edificados, e confirmados na fé, tal como fostes instruídos, crescendo em ações de graça”. Como resultado final, temos um discípulo capacitado, agora, para falar de Jesus a outros, isto é para evangelizar.
c) Treinamento – Equipar para a obra. “E Ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres, com o fim de preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado” (Ef. 4.11-12). O sentido desse texto no original é equipar, fornecer o material, consertar, capacitar para ser útil no corpo. Aqui o trabalho requer um corpo-a-corpo com o discípulo, conduzindo-o nos objetivos do treinamento. Como resultado temos o obreiro, um “ceifeiro”, agora perfeitamente capacitado para evangelizar e treinar, equipando outros trabalhadores. Jesus disse que esses “ceifeiros” são poucos.
d) Líder – O processo final é um treinamento íntimo, seguindo o modelo de Jesus. “Escolheu doze, designando-os (…) para que estivessem com Ele, os enviasse a pregar e tivessem autoridade” (Mc. 3.14). Nesse treinamento utiliza-se o método “com ele”, no qual gastamos tempo de qualidade, treinando-o dentro dos alvos propostos. O resultado final deve ser a formação do líder, agora capacitado a repetir todo o processo. Ele sabe evangelizar, edifica os novos, equipa os discípulos e gasta tempo no treinamento de obreiros, formando outros líderes, que por sua vez repetirão o processo. Um servo líder é alguém capacitado a levantar novos discípulos que se reproduzirão sob a unção do Espírito Santo, seguindo o mesmo processo em que foi treinado.

Estes quatro estágios podem ser vistos no ministério de Jesus. No início de seu ministério, vemô-lo chamando as pessoas ao arrependimento, como diz o texto de Mc. 1.14-15: “Depois que João foi preso, Jesus foi para a Galileia, proclamando as boas novas de Deus. O tempo é chegado, dizia Ele. O reino de Deus está próximo. Arrependam-se e creiam nas boas novas!” Os que responderam converteram-se, nós os chamaríamos de convertidos. Mas Jesus também chamou pessoas ao discipulado: “Dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me” (Lc. 9.23), e os que responderam ao seu chamado tornaram-se discípulos no sentido exato da palavra. Ele comissionou os setenta para que saíssem pelas cidades e vilas como obreiros: “Depois disso o Senhor designou outros setenta e dois e os enviou dois a dois, adiante dele, a todas as cidades e lugares para onde ele estava prestes a ir. E lhes disse: A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Portanto, peçam ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara” (Lc. 10.1-2). Finalmente, noutra ocasião Jesus chamou os apóstolos para que fossem como líderes: “Reunindo os doze, Jesus deu-lhes poder e autoridade para expulsar todos os demônios e curar doenças, e os enviou a pregar o Reino de Deus, e a curar os enfermos” (Lc. 9.1-2).

Os que aceitaram o desafio de Jesus tornaram-se convertidos… discípulos… obreiros… líderes.

DIAGRAMA DA MULTIPLICAÇÃO DE DISCÍPULOS

Processo: EQUIPAR – Ef. 4.11-12.

Processo: EVANGELIZAÇÃO (Mc. 16.15) Testemunho – Resultado: Conversão.

Processo: EDIFICAÇÃO (Cl. 2.6-7) Acompanhamento + Alvos de treinamento – Resultado: Discípulo homem a homem + Alvos de treinamento – Resultado: Obreiro.

Processo: INTIMIDADE PESSOAL (Mc. 3.14) Com ele (obreiro) + Alvos de treinamento Resultado: Líder com capacidade para reproduzir o processo.

PERFIL DE UM CONVERTIDO, DISCÍPULO, OBREIRO E LÍDER

Sempre que levarmos alguém a Cristo, conferimos como ele está se saindo, no item conversão, para nos certificar de que sua conversão foi real. Enquanto você faz o acompanhamento, e treina o indivíduo de acordo com os alvos do treinamento, confira para ver como ele está se saindo, no item discípulo. O próximo passo é ver se ele demonstra profundo desejo de continuar na caminhada.

Sempre que trabalhar no corpo-a-corpo com um discípulo, edificando-o de acordo com os objetivos expostos, examine se ele está indo rápido ou devagar no perfil do obreiro. Se ele atingir o alvo, você terá em mãos um obreiro que poderá ser conduzido ao próximo passo. Quando estiver trabalhando com os alvos da liderança na vida dele, busque encontrar o perfil de um líder. Se isso ocorrer, você terá em mãos um líder preparado para continuar sozinho a obra e reproduzir todo o processo.

Perfil de um Convertido
Ele mostra evidências de que é salvo (2Co. 5.17).
Ele demonstra paixão total pelo Senhor Jesus.
Ele evita e detesta o pecado de todos os modos.

Perfil de um Discípulo
Como seguidor de Jesus, o Senhor ocupa o primeiro lugar em todas as áreas de sua vida, e ele, a cada dia, procura vencer o pecado (Lc. 9.23; Rm. 12.1-2).
Ele persevera na Palavra, dedicando tempo ao estudo e à memorização de textos, e busca a direção do Espírito Santo na aplicação das verdades bíblicas à sua vida (SI. 119.59; Jo. 8.31; Tg. 1.22-25).
É consistente com os devocionais diários e cresce a cada dia na vida de fé e de intercessão (Mc. 1.35; Cl. 4.2-4; Hb. 11.6).
É assíduo nas reuniões da Igreja e se identifica com as necessidades dos demais (Sl. 122.1; Jo. 13.34-35; Gl. 5.13; Hb. 10.25; 1Jo. 4.20-21).
Dá bom testemunho de Cristo em casa e no trabalho, gosta de testemunhar e apresenta o Evangelho com muita clareza e sabedoria (Mt. 5.16; Cl. 4.6; 1Pe. 3.15).
É bom aprendiz e ensinável (At. 17.11).
Todos sabem que ele segue a Jesus, é persistente em sua fé e cumpre com fidelidade os itens acima (Lc. 16.10).

Perfil do Obreiro
Demonstra crescimento e capacidade no perfil de um discípulo acima apresentado (1Pe. 3.18).
Demonstra grande compaixão pelos perdidos e sabe como conduzir as pessoas a Jesus (Mt. 9.36-38; Rm. 1.6).
Vem sendo usado por Deus para fazer dos novos convertidos discípulos, de maneira pessoal ou no grupo (Cl. 1.28-29).
Atualmente está comprometido na tarefa de fazer discípulos (Mt. 28.19).
Alimenta-se regularmente da Palavra por todos os meios, e a hora silenciosa e os seus devocionais são agora uma obrigação diária em sua vida (Fp. 4.9).

Perfil de um Líder
É um obreiro equipado, cujas evidências são vistas nas qualidades acima demonstradas no perfil do obreiro.
Vem sendo usado por Deus para levar os discípulos a serem obreiros (2Tm. 2.2).
Lidera grupos de obreiros que evangelizam e que edificam os novos convertidos (Mc. 1.38).
Demonstra fidelidade e integridade, tanto na vida particular quanto na ministerial (2Tm. 2.19-21).

TEMPO PREVISTO NAS TRÊS ETAPAS DO TREINAMENTO

Quanto tempo demora até que um novo convertido se torne um discípulo? E quanto tempo, de discípulo a obreiro? E de obreiro a líder? Por serem diferentes uns dos outros, os tempos pode variar, mas em linhas gerais podemos assegurar que um certo período é gasto:
De novo convertido a discípulo – 2 anos
De discípulo a obreiro – 2 anos
De obreiro a líder – 3 anos

São dados apenas exemplificativos, já que alguns levam menos tempo, enquanto outros mais. Ao considerar essa estatística, você poderá pensar que é muito tempo, que é um processo demorado, e que poderia ser feito em menos tempo. Quando deparamos com alguém talentoso, gastamos menos tempo com ele, mas a Bíblia mostra alguns exemplos: Elias levou anos preparando Eliseu, e Paulo demorou no treinamento de Timóteo, até que estivesse pronto para a obra.

Quanto tempo Jesus gastou treinando seus discípulos, e quanto tempo precisariam, à luz das dificuldades de nossos dias? Apenas como dado estatístico, vamos supor que Jesus gastasse 12hs por dia com seus discípulos, durante 3 anos. São 4.380hs/ano e 13.140hs em 3 anos.

Se pudéssemos gastar 7hs por semana com uma pessoa (4hs na igreja e 3 alhures) – o que seria o máximo -, gastaríamos 365hs/ano com uma pessoa. Nesse ritmo levaríamos 36 anos para empatar com o tempo que Jesus gastou com seus discípulos. E Ele era o Filho de Deus. Nós, humanos, limitados pela carne! Sete anos não é muito para se preparar qualitativamente uma pessoa sob a orientação e poder do Espírito Santo.

O método que utilizamos está levando a igreja a crescer em quantidade e qualidade? O que é melhor, 10 pessoas edificadas e treinadas como obreiros ou 100 sem treinamento algum?

Meditemos sobre alguns textos: 1Tm. 3.6,10: “Não pode (o líder) ser recém-convertido, para que não se ensoberbeça e caia na mesma condenação em que caiu o diabo… Deve ser primeiramente experimentado; então, se não houver nada contra eles, que atuem como diáconos líderes”. 1Tm. 5.22: “Não se precipite em impor as mãos sobre ninguém e não participe dos pecados dos outros. Conserve-se puro”.

Finalmente, consideremos que o carvalho, criado por Deus, leva anos para crescer; um cogumelo venenoso cresce numa noite! Discípulos, obreiros e líderes capacitados e fieis demoram a ficar prontos!

Bibliografia:

O Discípulo, Juan Carlos Ortiz, Editora Betânia.

Lado a lado – Um manual de Discipulado, Editora Sepal.

A Arte Perdida de Fazer Discípulos, Leroy Eims, Editora Atos.

A Formação de um Discípulo, Keith Phillips, Editora Vida.

A Igreja com Propósitos, Rick Waren.
Autor: Pr. Natanael Rinaldi Filho.

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