1 de março de 2016

Lição 3: A necessidade espiritual dos judeus

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Título: Justiça e Graça — Um estudo da Doutrina da Salvação na carta aos Romanos

TEXTO DO DIA

“Mas é judeu o que o é no interior, e circuncisão, a que é do coração, no espírito, não na letra, cujo louvor não provém dos homens, mas de Deus” (Rm 2.29).

SÍNTESE

Os judeu-cristãos por terem recebido a revelação direta de Deus e se dizerem cumpridores da Lei desprezavam os gentios, mas Paulo demonstra que a Lei e a circuncisão não justificam o ser humano.

AGENDA DE LEITURA

SEGUNDA — Rm 2.1
Quem julga e faz o mesmo condena a si mesmo

TERÇA — Rm 2.11
Deus não faz acepção de pessoas

QUARTA — Jr 31.33
Deus tem aliança com quem tem a Lei escrita no coração

QUINTA — Rm 2.28
O ritualismo não justifica ninguém

SEXTA — Gn 12.1-3
A promessa da bênção a Abraão

SÁBADO — Rm 2.21-24
Quem ensina a Palavra e não prática desonra o nome de Deus

OBJETIVOS

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

DEFENDER a afirmação de que a Lei não foi suficiente para a justificação do ser humano;
MOSTRAR que quem ensina e não pratica o que ensina é um hipócrita e está debaixo da ira de Deus;
DEMONSTRAR que o ritual serve apenas como um sinal externo, como exemplo da circuncisão, e não justifica o ser humano diante de Deus.

INTERAÇÃO
Caro(a) professor(a), um tema que precisa de uma atenção especial é a hipocrisia. Não é possível, como diz um ditado popular, “tapar o sol com a peneira”. Infelizmente, existem, no meio cristão evangélico, pessoas com atitudes semelhantes as dos judeus citados por Paulo. Elas querem impor sobre as demais normas e regras que a Bíblia não exige, um jugo pesado e impraticável. Pessoas boas de discurso, que falam de forma bonita sobre o Evangelho, mas que não se comportam adequadamente na igreja, no lar, trabalho, escola e na sociedade em geral. Crentes que têm envergonhado o Evangelho e a Igreja. Um debate bem conduzido sobre o assunto poderá contribuir para uma sensibilização, para a necessidade de se viver uma vida íntegra e coerente diante das pessoas e de Deus.

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

Sugerimos que você faça uma atividade em grupo para exemplificar o ensino do tópico II desta lição. Para isso, solicite dois voluntários ou duas voluntárias. Enquanto as demais pessoas assistem, coloque uma venda nos olhos de um(a) voluntário(a) e peça para o(a) outro(a) voluntário(a) para guiá-lo(a) numa caminhada pela sala ou pátio, não permitindo que retire a venda, como se fosse uma pessoa cega. Na sequência, coloque a venda nos olhos do(a) outro(a) voluntário(a) e peça para um guiar o outro, alternadamente. Após a atividade, peça para cada voluntário(a) expressar qual o sentimento que teve nas duas funções exercidas, bem como a opinião do público que presenciou a atividade. Depois de ouvir a todas as pessoas, explique que os judeu-cristãos se achavam perfeitos e queriam guiar os gentios por acharem que eram cegos, mas que Paulo esclarece que os judeus também eram cegos. Na realidade era um cego tentando guiar outro cego. Os judeus se achavam superiores, porém diante de Deus estavam condenados como os gentios que não reconheciam a Deus. Tanto judeus como gentios precisavam da misericórdia e graça de Deus para se justificarem diante dEle.

TEXTO BÍBLICO

Romanos 2.1-11.

1 — Portanto, és inescusável quando julgas, ó homem, quem quer que sejas, porque te condenas a ti mesmo naquilo em que julgas a outro; pois tu, que julgas, fazes o mesmo.

2 — E bem sabemos que o juízo de Deus é segundo a verdade sobre os que tais coisas fazem.

3 — E tu, ó homem, que julgas os que fazem tais coisas, cuidas que, fazendo-as tu, escaparás ao juízo de Deus?

4 — Ou desprezas tu as riquezas da sua benignidade, e paciência, e longanimidade, ignorando que a benignidade de Deus te leva ao arrependimento?

5 — Mas, segundo a tua dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da manifestação do juízo de Deus,

6 — o qual recompensará cada um segundo as suas obras,

7 — a saber: a vida eterna aos que, com perseverança em fazer bem, procuram glória, e honra, e incorrupção;

8 — mas indignação e ira aos que são contenciosos e desobedientes à verdade e obedientes à iniquidade;

9 — tribulação e angústia sobre toda alma do homem que faz o mal, primeiramente do judeu e também do grego;

10 — glória, porém, e honra e paz a qualquer que faz o bem, primeiramente ao judeu e também ao grego;

11 — porque, para com Deus, não há acepção de pessoas.

INTRODUÇÃO

Paulo se dirige aos judeu-cristãos de Roma, judeus que haviam se convertido ao cristianismo, mas que ainda estavam marcados pelo poder da Lei e não se sentiam à vontade (devido a opressão do jugo da Lei por longa data) com a mensagem da justificação por meio da fé. O comportamento dos judeu-cristãos colocava-os, da mesma forma que os gentios citados na lição passada, debaixo da ira divina, pois também desprezavam a salvação gratuita ofertada por Deus em Cristo.

I. OS JUDEUS NECESSITAVAM SE LIBERTAR DO JUGO DA LEI (Rm 2.1-16)

1. O julgamento mediante a Lei provoca a ira de Deus (vv.1-10). Os judeu-cristãos, possivelmente, ficaram satisfeitos com as palavras que Paulo dirigiu aos gentios (1.18-32). Agora, o comportamento deles é questionado. Eles, influenciados pela cultura que os gerou, tinham o hábito de julgar as pessoas por não cumprirem a Lei judaica. O que preocupa é que eles haviam deixado o judaísmo para se inserirem no cristianismo, mas continuavam no legalismo como os gálatas (Gl 3.1-5). O apóstolo afirma que da mesma forma que os gentios provocaram a ira de Deus pela sua conduta pecaminosa, os judeus também estavam sob o julgamento da ira divina pelo legalismo. Na realidade, a causa era a mesma, a busca da glória para si por meio da manifestação das obras (antropocentrismo/egocentrismo). Eles queriam impor um jugo sobre as pessoas, que nem mesmo Deus requeria. Jugo que somente Jesus poderia libertar (Ver Mt 11.28-30).

2. Deus não faz acepção entre judeu e gentio (v.11). Deus sempre vai primar pela justiça. Alguns cristãos evangélicos tem uma tendência em pensar que Deus privilegia os judeus em detrimento aos outros povos. Isto é um engano. Um bom exemplo é a atuação dos profetas, que profetizavam a justiça de Deus tanto para as nações inimigas como para o seu próprio povo, em especial os líderes civis e religiosos. O parâmetro utilizado é a culpabilidade, ou seja, o julgamento é sobre a prática da injustiça e não a nacionalidade ou a origem das pessoas. Este comportamento de discriminação, comum ao ímpio, às vezes está presente na comunidade evangélica, onde o critério não é a justiça, mas sim a origem ou outros fatores que privilegiam uns em detrimento de outros. Deus não age assim, “porque, para com Deus, não há acepção de pessoas” (v.11). Jovem, você tem feito acepção de pessoas?

3. Os gentios que não conhecem a Lei serão julgados pela sua consciência moral (vv.12-16). Um questionamento comum é como será o julgamento das pessoas que nunca tiveram a oportunidade de conhecer o Evangelho. Paulo nesta passagem nos traz uma explicação didática quando se refere ao julgamento sobre os gentios que não conheciam a Lei. Ele afirma que “quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei”, ou seja, seriam julgados não pelo conhecimento da Lei, mas pela prática da Lei, sem mesmo a conhecer. As pessoas geralmente priorizam a fé em Cristo, isto é bom e louvável, mas será que o mais importante para o ser humano não seria ter a fé de Cristo, mesmo não o conhecendo? Por exemplo, uma pessoa que tenha nascido em um ambiente sem oportunidade de ouvir falar de Jesus, mas a sua consciência moral, como criatura formada à imagem de Deus, pratica o que Jesus ensinou, em especial o amor, deveria ser julgada e condenada? Um judeu-cristão da época de Paulo diria que sim. Jovem, e você, o que diz?

Pense!

Jovem, como podemos ter a Palavra de Deus em nosso interior, escrita em nosso coração?

Ponto Importante

Deus não dá um tratamento diferenciado aos judeus, mas os julga da mesma maneira que julga os gentios, pelas suas atitudes.

II. OS JUDEUS NECESSITAVAM ABANDONAR A HIPOCRISIA (Rm 2.17-24)

1. Os judeus se achavam superiores por terem recebido a Lei (vv.17,18). Os judeus, numa linguagem jovem, “achavam que estavam podendo” por terem “por sobrenome judeu”. Afinal de contas, segundo a tradição, foi o povo de Israel por meio de Moisés, seu grande líder, o receptor da Lei dada diretamente por Deus. Este povo poderia ter no mínimo duas atitudes: a) se sentir superior aos demais povos pela revelação exclusiva de Deus; b) se sentir privilegiado, mas acima de tudo, responsável pela transmissão, de forma humilde, da revelação recebida para o bem coletivo. Os judeus escolheram a primeira opção, se sentiam como insubstituíveis. Quantas pessoas que se dizem participantes do povo de Deus que imitam o comportamento dos judeus? Fechadas entre quatro paredes se sentem como os únicos abençoados por Deus e julgam as pessoas que não fazem parte de seu grupo. Jesus advertiu que seremos julgados com o julgamento com que julgarmos (Mt 7.1-5). Jovem, o que você acha de pessoas que vivem julgando as demais?

2. Os judeus ensinavam a teoria, mas não viviam o que ensinavam (vv.19-23). Existe um treinamento vivencial para líderes em que as pessoas colocam vendas nos olhos, simulando uma vida de cego para perceber as dificuldades que eles têm, enquanto outro companheiro o guia entre alguns obstáculos. Quem está sendo conduzido precisa confiar no seu guia, e o guia precisa ser comprometido para não tirar vantagem, mas cuidar com carinho da pessoa que está guiando. O apóstolo afirma que os judeus se achavam em condições de conduzir os gentios, para eles cegos, por não receberem a luz da revelação. Todavia, o apóstolo assevera que eles também eram cegos e não estavam credenciados para conduzir ninguém. Paulo aponta a evidência, o comportamento hipócrita dos judeu-cristãos, que ensinavam a Lei, mas não praticavam e não conseguiam ser exemplo. A atitude judaica faz lembrar o ditado popular “faz o que eu mando, mas não faça o que eu faço”. O que faziam bem era julgar os gentios.

3. Os judeus envergonhavam o nome de Deus (v.24). Neste verso o apóstolo trata da consequência das atitudes dos judeu-cristãos citadas no subtópico anterior. As pessoas estão atentas para o comportamento das outras, principalmente, quando estas professam uma fé diferenciada e se vangloriam de fazer parte de determinado grupo. Como o comportamento dos judeus era hipócrita, eles acabavam sendo os piores diante de Deus. O texto diz que os gentios blasfemavam contra Yahweh devido ao comportamento repreensível dos judeus. No meio das comunidades cristãs evangélicas também existem pessoas com comportamento parecido ao dos judeus (Mt 13.24-30,36-43). Por isso, precisamos estar constantemente nos examinando, assim como nos exorta o apóstolo em outra epístola (1Co 11.28-32), acerca de não desonrarmos a Deus e não sermos julgados com o mundo.

Pense!

Jovem, você tem saído das quatro paredes para evangelizar outras pessoas ou, como os judeus, tem se comportado como se a salvação fosse exclusiva para você?

Ponto Importante

Os judeu-cristãos por se acharem superiores aos gentios os desprezavam, viviam uma vida hipócrita não praticando o que ensinavam e, por isso, Paulo afirma que os gentios blasfemavam de Deus.


III. OS JUDEUS PRECISAM SE LIBERTAR DO RITUALISMO (Rm 2.25—3.8)

1. Os judeus exigiam a circuncisão, mas eram incircuncisos de coração (2.25-29). A circuncisão, uma operação cirúrgica que remove o prepúcio, uma pele do órgão sexual masculino, um sinal externo que representa a fidelidade do judeu com sua fé e sua nação. Esse ritual era tão relevante para identificar o judeu com sua fé, que na época do Império Grego muitos judeus apóstatas, para garantir a fidelidade aos gregos, reverteram a circuncisão por meio de cirurgias. A circuncisão para o judeu era obrigatória e motivo de vanglória por pertencer ao “povo escolhido”. Mas o apóstolo afirma que a fidelidade não se evidencia pelo exterior e por ritualismo, como defendiam os judeus, mas a evidência era interna, no coração. Entretanto, isso não significava que o exterior não é importante, mas sim que o interior do ser humano que transforma seu exterior e não o contrário. Jesus disse que o ser humano é contaminado pelo que está dentro do seu coração e não no seu exterior (Mt 7.15).

2. Os judeus não souberam aproveitar o privilégio de receber a revelação divina (Rm 3.1,2). A leitura descuidada da epístola pode dar a impressão que Paulo desmerece o privilégio do povo judeu de receber a revelação de Deus. Entetanto, esse não é o caso. Ele tem como precioso o privilégio judaico, mas reprova a atitude de não saberem valorizar esta prerrogativa. O recebimento direto da revelação divina, a Palavra escrita, bem como a representação da circuncisão é considerado como um favorecimento honroso. Na realidade, Deus escolheu o povo de Israel para abençoar toda a humanidade. Eles foram colocados como intermediários das bênçãos de Deus, para que a promessa de Abraão de que por meio dele seriam benditas todas as nações da terra (Gn 12.3), alcançasse não somente os seus descendentes. Como têm se comportado os membros de nossa igreja ao se verem como receptores das bênçãos de Deus? Existe alguma relação com a atitude dos judeus?

Pense!

Algumas pessoas tentam manter as aparências, valoriza a exterioridade e o ritualismo. Deus valoriza o que está no mais íntimo dos corações.

Ponto Importante

A tradição é importante, mas não pode sobrepor ao poder da Palavra.
CONCLUSÃO

Nesta lição aprendemos que os judeus que se achavam perfeitos e privilegiados por serem os receptores da revelação de Deus e portadores da Lei, diante de Deus estavam na mesma condição que os gentios que não reconheciam ao Senhor como deveriam. Portanto, ambos os grupos acabaram injustificados. Para alcançar a justificação os judeus precisavam abandonar a vida de hipocrisia, baseada em ritualismo e sinais externos, bem como os gentios precisavam se converter.

ESTANTE DO PROFESSOR

RENOVATO, Elinaldo. Deus e a Bíblia. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2008.

HORA DA REVISÃO

1. Segundo a lição, por que o apóstolo Paulo afirma que os judeus estavam na mesma condição de julgamento do que os gentios?

O apóstolo afirma que da mesma forma que os gentios provocaram a ira de Deus pela sua conduta pecaminosa, os judeus também estavam sob o julgamento da ira de Deus pelo legalismo.

2. Como se daria o julgamento dos gentios que não conheciam a Lei?

Os gentios seriam julgados não pelo conhecimento da Lei, mas pela prática da Lei, sem mesmo a conhecer.

3. Qual era a evidência de que os judeu-cristãos também eram cegos, assim como julgavam os gentios?

A evidência era o comportamento hipócrita dos judeu-cristãos, que ensinavam a Lei, mas não praticavam e não conseguiam ser exemplo.

4. O que é a circuncisão e o que representa para os judeus?

A circuncisão é uma operação cirúrgica que remove o prepúcio, uma pele do órgão sexual masculino, um sinal externo que representa a fidelidade do judeu com sua fé e sua nação.

5. Qual o exemplo dado na lição para explicar que, às vezes, Deus transforma a maldade humana em bênção para o ser humano?

O exemplo dado é o relato de José. Quando ele, após ser vendido como escravo para os egípcios pelos próprios irmãos, Deus o acompanha e o transforma no segundo homem do Egito. No reencontro deste com seus irmãos, após a morte de seu pai, ele os tranquiliza, dizendo que o mal que intentaram contra ele, Deus havia transformado em bem (Gn 50.15-21).

SUBSÍDIO

“Por que haveria Deus de se preocupar com o homem perdido, incrédulo, ingrato e desobediente? Por que haveria de prover a expiação do pecado desse homem, que lhe deu as costas, preferindo ouvir a voz da antiga serpente, quando todos os meios para sua felicidade estavam à sua disposição? Somente pela Bíblia, a Palavra de Deus revelada e inspirada, é que podemos obter algumas respostas consistentes. A expiação foi necessária por dois grandes motivos: a santidade de Deus e a pecaminosidade do homem. O pecado do homem, face à santidade divina, provocava a ira de Deus. Alguns conceitos precisam ser identificados para entender-se melhor o significado da expiação. Diz a Bíblia: ‘Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal e a vexação não podes contemplar; por que, pois, olhas para os que procedem aleivosamente e te calas quando o ímpio devora aquele que é mais justo do que ele?’ (Hc 1.13). O pecado causou tremenda perturbação à relação do homem com Deus, afrontando sua santidade, de tal modo que a ira de Deus exige sua condenação. A Bíblia diz que ‘sem derramamento de sangue não há remissão’ (Hb 9.22), ou o homem seria morto, derramando seu próprio sangue, ou alguém teria de morrer em seu lugar. No Antigo Testamento, os animais inocentes foram sacrificados aos milhões em lugar do homem pecador. Mas o sangue dos animais apenas ‘cobriam’ (expiavam de forma imperfeita) o pecado do homem” (RENOVATO, Elinaldo. Deus e a Bíblia. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2008, p.56).
Comentarista: Natalino das Neves

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