16 de abril de 2016

11.4 - 11.4 A nova vida é mostrada mais uma vez em três aspectos Mt 7.6-12

A nova vida é mostrada mais uma vez em três aspectos Mt 7.6-12

A CARTA MAGNA DO REINO DOS CÉUS

O SERMÃO DO MONTE

Mateus 7

A nova vida é mostrada mais uma vez em três aspectos, 7.6-12

O fervor correto

6 Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis ante os porcos as vossas pérolas, para que não as pisem com os pés e, voltando-se, vos dilacerem.

Jesus está dizendo que, numa pessoa, pode formar-se uma situação de incapacidade de aceitar tudo o que é divino, de modo tal que seu coração fica tão dissociado do evangelho quanto um porco da pérola e um cachorro do santuário. Essa incapacidade de associação com o divino não precisa ser constatada apenas em pessoas cheias de vícios, mas também se encontra nas assim chamadas pessoas altamente instruídas.

Silenciar ou reter a mensagem sagrada das pessoas acima caracterizadas não constitui covardia, falta de fervor pelo Senhor, ou falha no dever de testemunhar. Inegavelmente são verdadeiras as palavras: “Todo aquele que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus. Mas aquele que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai, que está nos céus” (Mt 10.32s). Contudo, existem momentos em que simplesmente temos de nos calar! Também Jesus calou-se diante do sumo sacerdote e, a princípio, não respondeu nada (Mc 14.60ss), nem falou com os soldados que zombavam dele, cuspiam no seu rosto e batiam nele (Mc 14.65; 15.16ss). Da mesma forma, ao final, não respondeu mais a Pilatos (Mc 15.4ss; Jo 19.9), porque todo falar seria em vão e pareceria como “lançar pérolas aos porcos”.

Por outro lado, vigora com a mesma clareza e seriedade a palavra de Jesus de que devemos agir enquanto é dia, antes que venha a noite, quando ninguém mais pode trabalhar (Jo 9.4).

Toda vez que experimentamos que nosso relato sobre nosso tesouro de fé mais sagrado e precioso, que nos tornou tão ricos e felizes, não encontra a mínima compreensão do outro, resultando para nós apenas em desprezo e zombaria, Jesus nos mostra, em meio à nossa tristeza e impotência, a única verdadeira e real fonte de força e consolo. É a oração.

A oração persistente

7-11 Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e, a quem bate, abrir-se-lhe-á. Ou qual dentre vós é o homem que, se porventura o filho lhe pedir pão, lhe dará pedra? Ou, se lhe pedir um peixe, lhe dará uma cobra? Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará boas coisas aos que lhe pedirem?

Nesse trecho somos orientados de que não precisamos fazer grandes reflexões, mas simplesmente pedir, procurar, bater à porta. Essa é a nossa tarefa, o mais é obra de Deus. Está-nos sendo assegurado com clareza e sem margem de erro que, quando pedimos, receberemos, quando procuramos, encontraremos, e quando batemos, a porta nos será aberta.

Entretanto, pode alguém contra-argumentar: Isso não combina com as nossas experiências! Muitas vezes, apesar de todas as nossas preces, apenas percebemos um grande silêncio de Deus! Nesse caso é preciso examinar se pedimos corretamente, se procuramos corretamente e se batemos corretamente, ou se estávamos preocupados somente com o nosso querido “eu” e seus interesses terrenos. Se foi assim, nossa oração, por mais insistente que seja, jamais chegará ao trono da graça.

Não obstante, quando nossa oração rompe o domínio do próprio eu, então já nos foi preparado de antemão todo o “bem” em Cristo. Todas as boas dádivas já estão prontas para nós antes de pedirmos por elas. A obra redentora está consumada. – Pelas três repetições, “pedir, buscar e bater à porta” quer ilustrar a oração persistente e sincera.

A última figura, do bater à porta, ressalta singularmente a sagrada majestade de Deus. Bater à porta é expressão do respeito que tenho pelos outros. Bater à porta significa que não posso “entrar” simplesmente, como costumo fazer na minha própria moradia, em que tenho liberdade de ir de um quarto ao outro sem ter de bater à porta. Diante da porta do outro, na qual estou batendo, inicia a área de domínio da outra pessoa. Esse domínio me impõe que eu pare diante da porta e, antes de passar, escute o chamado “Entre”! Do mesmo modo, a oração também é um bater e esperar pelo “Entre!” do outro. Pois, ao orar, aproximo-me do domínio da pessoa suprema, a saber, Deus, o Senhor. Aí é preciso parar, com reverência e humildade. É preciso escutar em silêncio, aguardando até que se ouça o “Entre!” e a porta seja aberta. – E a porta de fato se abre, sempre de novo, toda vez que eu vier! Cristo é a porta para o Pai. É esse o grande e precioso milagre da salvação, que ele é a porta e que eu posso entrar e falar com o Pai com grande liberdade e total confiança.

A exortação para orarmos com insistência e persistência é enfatizada ainda nos v. 9-11, com uma parábola da vida diária.

A partir do comportamento do pai terreno tira-se uma conclusão sobre o Pai nos céus. Jesus diz: É verdade que o ser humano em sua maldade pode causar dano ao próximo. Mesmo assim essa maldade não destrói o poder da prece persistente, porque o amor dos pais pelos filhos, inato nas pessoas, não é capaz de dar nada de mau ao filho. Como em relação a Deus fica completamente de lado qualquer pensamento de maldade, o pedido persistente dirigido a ele pode ter tanto maior certeza de ser atendido.

A frase final: Quanto mais o vosso Pai nos céus dará coisas boas aos que lhe pedirem, representa uma salutar correção de todas as suposições falsas de “atendimentos de oração”. Deus, com toda a certeza, atende cada oração, só que não de acordo com o programa estabelecido por nós, e sim de acordo com a sua vontade. Essa sempre é, sem exceção, boa (cf. Rm 8.28).

A ação exemplar

12 Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles; porque esta é a Lei e os Profetas.

Após a palavra do Salvador sobre nossa atitude diante de Deus (Peçam! Procurem! Batam à porta!) segue-se a regra de amor para a nossa atitude diante do próximo, resumindo desse modo todas as partes principais do sermão do Monte. Novamente a instrução do AT não é revogada, mas sim cumprida (cf. 5.17). O AT ensinava, numa tradução livre: “O que você não quiser que lhe façam, também não faça a ninguém” (cf. Tob 4.16). Essa frase é também conhecida como provérbio. Jesus exige mais. Ele inverteu a frase negativa do AT e a formulou de modo positivo. Portanto, agora não se diz apenas: Não faça nada de mal ao próximo, mas: “Faça o bem ao próximo! Alegre-o! Ame-o!”

Porque você também quer ser tratado amigavelmente pelas outras pessoas, e com amor em dias bons e maus. Então aja do mesmo modo em relação aos outros! Ou seja, transporte-se em pensamentos para a respectiva situação do outro. Assim como você gostaria de ser tratado na situação dele, aja agora pessoalmente com ele! Então você sempre estará agindo certo. É exatamente como a mãe de Rosegger diz para o rapaz, na despedida: “Pedro, se uma vez você quiser fazer algo para outra pessoa e não souber se é certo ou errado, então feche os olhos e pense que você é o outro”.

A afirmação: Façam aos outros tudo o que querem que os outros façam a vocês vem a ser também a solução da questão social, a regra básica da convivência comunitária, o segredo do bem-estar pessoal e social e da verdadeira paz! Contudo, como estão incrivelmente distantes, o mundo e a comunidade de Jesus, da obediência a essa palavra.

Com sete ilustrações o formidável conteúdo do sermão do Monte é levado ao encerramento:

• A parábola da porta estreita e da larga;
• A parábola do caminho estreito e do largo;
• A parábola dos lobos e das ovelhas;
• A parábola dos espinhos e cardos;
• A parábola da árvore boa e da que não presta;
• O exemplo de dizer “Senhor, Senhor”;
• A parábola do construtor sábio e do insensato.

Nestas sete palavras finais a extraordinária seriedade do sermão do Monte mais uma vez obtém formulação nítida e profunda. Através das sete ilustrações das grandes cisões e decisões, o Senhor executa o juízo santo sobre os distantes e os próximos de Deus, sobre os membros puros e impuros de sua comunidade. O julgamento que traz separação também passa no meio da comunidade de Jesus, sim até no meio do coração do discípulo.
Fonte: Mateus - Comentário Esperança

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