23 de julho de 2016

Liderança e governo no século 21

‘Liderança’ e ‘governo’ são assuntos recorrentes, oportunos e muito interessantes para os dias atuais. Contudo, o texto abaixo se limitará ao contexto meramente espiritual, onde neste século temos observado uma urgente necessidade de trazer o tema à reflexão da igreja evangélica. Desta vez este é um escrito dirigido apenas às nossas igrejas evangélicas no Brasil. Assunto bem particular e um tanto delicado. Mas, absolutamente pertinente.
Em primeiro lugar, afirmo com propriedade e convicção, fundamentado na Palavra de Deus que liderança não salva. Todos os cristãos precisam tirar isso da cabeça. Definitivamente, ser um líder espiritual ou liderar qualquer sistema religioso não garante salvação a ninguém. Há jovens correndo mais atrás de se tornar um “líder” do que se tornar um “salvo.”
Nossas igrejas precisam ser ensinadas a lidar com a situação. Essa geração, considerada de “Y” e “Z” pelos sociólogos e demais especialistas de comunicação e comportamento humano não negam ao afirmarem de forma comum que esta é uma geração “fast food”. Portanto, há pressa e urgência, sobretudo para sobressair, saltar e voar sobre sonhos e determinações acadêmicas, profissionais e pessoais do presente século.
Mas, vamos nos deter aqui nas coisas “espirituais”, certo? Pois bem, hoje somos testemunhas de história de muitos jovens cristãos ansiosos também na igreja. E, seguindo o curso do mundo, a cultura da terra, e a inteligência humana, correm apressadamente para se destacarem em meio à multidão. Ser líder rapidamente, este é o equívoco atual.
Seus líderes, também, às vezes desavisados, ou no mesmo sentido de correria atrás do vento, até ajudam nessa jornada de encontrar destaque. A inspiração é “estar por cima, e não por baixo”; ou mesmo “somos cabeça e não calda”, baseados em textos acirrados dos tempos de guerras violentas do Antigo Testamento. Até “olho por olho e dente por dente” também tem sido a retórica e o comportamento de muitos jovens não maduros na fé ou ainda sem habilidade na Palavra de Deus. Mas, a igreja deste século NÃO precisa de “coaching”, precisa de sacerdotes e profetas. João falou“Examinem as Escrituras” (5:39), e não era à toa. Heresias não faltavam no seu tempo também!
O QUE É GOVERNO ESPIRITUAL
Agora, sem mediocridades, ou seja, que ninguém pode sonhar com episcopado, é claro, esse “governo”, para um melhor entendimento, e baseado em Gen. 1:28 e Mc. 16:15, trata-se de uma autoridade espiritual do céu em relação à terra, e não, equivocadamente, de um governo de um irmão sobre outro irmão na igreja. Primeiro Jesus tem que nos governar espiritualmente para depois governamos com a cultura Dele sobre a terra. Mas esta ansiosa solicitude da vida inspira os jovens a desejarem ser como líderes, pastores e apóstolos a qualquer preço, o que tem causado graves problemas em comunidades. Nem ainda aprenderam, mas já desejam ensinar. Os apóstolos levaram 03 (três) intensivos e profundos anos de estudos com o Mestre Jesus, antes de passarem a ensinar. Antes do mestrado do reino, vem a escola da vida, a escola de caráter.
É relevante o destaque que deu Augusto Nicodemos ao assunto neste dias. As igrejas estão acostumadas a ouvir o contrário disso. O que é um paradigma para os últimos 20 ou 30 anos no Brasil, uma crítica diversificada sobre um dos modelos, que parece ser o modelo de lideranã contemporânea ou apostólica, com qualidades que se identificam com o humanismo, mas passo a ressaltar o que realmente interessa para a saúde espiritual e emocional dos cristãos deste século:
· Efésios 4:11 nos diz:
“E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores” –
São dons para servir, e não títulos para manipular. Vamos contextualizar estes carismas, destacando apenas as funções mais usuais na igreja do século 21:
Liderança de estudo – Uma necessidade na igreja sim, e, ótima para aproximar pessoas e compartilhar situações de dificuldades pessoais, emocionais, espirituais e também alegrias. Acompanha-se mais de perto um discípulo. O equívoco, contudo está em os apóstolos destacarem jovens espiritual e emocionalmente despreparados para tal função. Outra atenção que uma liderança estudo deve ter é de não deixar que o sistema de estudo engessem a visão de Deus sobre o evangelho. Por exemplo, transformar reuniões em modelos de festinhas, entretenimentos, e outras coisas que os clubes comuns assim o fazem. Pois o reino de Deus não é comida, nem bebida, mas fazer a vontade de Deus. Lembrem-se: não somos clubes da terra, somos reino do céu.
Liderança Pastoral – Pastores, não se pode plantar “igrejas” como se fossem “lojas de vendas”, onde tudo funciona muito bem com o sistema de marketing de massa, líderes de vendas, gerentes e promotores de venda! Lembrem do que nos escreveu Pedro sobre a verdadeira missão do pastor:“Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; Nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho”. (I Pedro 5:2-3).
Pastor não é somente aquele que prega, lidera ou conhece teologia. O bom pastor vai muito além deste chamado. O bom pastor é aquele que CUIDA das ovelhas DE CRISTO, cuida tanto da saúde espiritual quanto da saúde emocional.
Apesar da tradição, e do orgulho de muitos homens da atualidade, engana-se o pastor que acha que NÃO precisa de ajuda. Todo pastor precisa de ajuda, tanto da família, como da igreja e, também de outros pastores ou de um conselho ou de uma ordem, enfim de uma equipe. Pastores também precisam aprender. Precisam receber conselhos. Enfim, pastor também é um ser humano, com necessidades espirituais e emocionais. Foi assim com Davi que precisou de Samuel, e também de Paulo que precisou de Ananias e Barnabé. Sozinho nada se alcança.
O reino de Deus é um reino de coletividade, pois é um reino de salvação. Pastor, neste século, se a sua igreja estiver isolada, ou seja, alienada das demais coisas espirituais, ilegítima espiritualmente, na ilegalidade, isto representa grande perigo para a sua vida espiritual!
Filhos, pastor não é um ‘rei’, nem é um “deus”, é um ser humano. Pastor também é gente, gente que sente como a gente! Mas, com uma função especial: dar o seu tempo em favor das ovelhas (de Deus). Ainda assim, apesar da autoridade espiritual, nenhum pastor está acima do bem e do mal.
Apesar de ser uma função humilde (biblicamente falando), como escrito está, o pastor tem a honra de servir a Deus através de uma excelente obra. Um serviço inconfundível e verdadeiro.
“Esta é uma palavra fiel: se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja.” (I Tim. 3:1)… Estes sejam primeiro provados, depois sirvam, se forem irrepreensíveis. (I Tim. 3:10)… Da mesma sorte as esposas sejam honestas, não maldizentes, sóbrias e fiéis em tudo. (I Tim. 3;11).
Liderança Apostólica – Quando autoritária, abusiva, totalitária, arbitrária ou manipuladora, deixa de ser uma liderança saudável e passa a ser absolutamente nociva à comunidade. Toda liderança, quando exercida de forma individual, tem elevado risco de se cometer erros sem que possa ser contestado, é o que ocorre em todas as seitas que conhecemos. Mas, isto pode ocorrer em qualquer outro modelo de liderança também, que não seja somente a apostólica (embora seja esta a que mais tem causado escândalos nos dias de hoje. A liderança apostólica é a onda do momento).
Também é correta a afirmação de que a liderança deve ser exercida por um colegiado, pois Cristo não delegou como líder um apóstolo único e, sim para uma coletividade, dos quais ao menos 12 destes foram ensinados de forma mais aproximada, sendo que um fortalecia o outro para que ninguém se ensoberbecesse disso ao ponto de cometer erros voluntários e abusivos. Por algumas vezes vemos o Apóstolo Paulo chamando a atenção de alguns líderes, inclusive do Apóstolo Pedro quando este não estava na direção da verdade, lá por Antioquia (Gal. 2:14), etc. Paulo não brigou com Pedro, eles revisaram a Palavra de forma sinérgica, assertiva, produtiva e humilde.
A SUBSTITUIÇÃO DA GLÓRIA DE DEUS
Deus não divide a glória Dele com ninguém (Isaías 42:8).
O mais grosseiro erro teológico em qualquer modelo de liderança é o engodo de levar a massa a enlevar a pessoa do líder acima de tudo, de todos, acima do bem e do mal, levando todos à submissão meramente humana, o que é um risco notório para a verdadeira igreja de Cristo.
Ao aconselhar várias vítimas de agressão física por conta dessa história de “títulos”, “liderança” e “governo” dentro das igrejas evangélicas, causa tristeza ouvir sobre traumas emocionais muitas vezes complexos de lidar. Vergonha ver a polícia dentro de uma igreja para atender ocorrência de irmãos em meio à reunião, por conta dessa história de submissão (ou escravidão) da parte do “discípulo” ao “discipulador” sobre pressão, a qualquer custo, como se fosse para entregar metas de vendas de produtos, etc., nem que seja por meio da violência verbal e até física mesmo.
Liderança terrorista para a satisfação plena e pessoal do orgulho de haver um título eclesiástico, posição social ou lucro na tentativa desesperada de se alcançar um cargo por meritocracia em vez de amor a Deus (pena)! Pena mesmo ver muita gente nas igrejas fazendo o que Cristo NÃO mandou fazer!
Então, o que fazer primeiramente?
Jovens, o líder deve cuidar primeiramente de seu caráter e de sua Responsabilidade Espiritual, e não uma responsabilidade racional apenas. “Talento NÃO é tudo”, disse J.C Maxxwel em seu livro de mesmo título.
Certa vez escreveu o Pr. Cotty que “antes da liderança vem o líder e seu caráter.” Os discípulos de Jesus queriam primeiramente aprender a orar (Lucas 11:1). Eles não estavam preocupados com as aparências externas, antes olhavam para dentro de si mesmos. Eles queriam aprender a ensinar de dentro para fora, que é a Escola do Reino. Quando os líderes não aprendem a lidar com as suas carências e também com o caráter, esses líderes certamente irão gerar outros grupos de lideres doentios.
Reparadas, porém, estas arestas, através da cura interior pelo conhecimento da verdade e convencimento e ação do Espírito Santo, o líder, pastor, bispo ou apóstolo certamente irão estabelecer o governo de Deus na igreja e na sociedade também (sugestão de leitura plus: “A Cura e Edificação do Líder”, Cotty, Jocum, PR, 2013).
Mas, a saga do homem em procurar dominar um outro que lhes deem prazer, decididamente não é esta a vontade de Deus. A síndrome de Faraó, Saul, Jezabel ou Nabucodonosor, remontando o pecado da idolatria disfarçada não geraram frutos dignos de arrependimento. Mas toda idolatria tem a mesma característica, a substituição da glória de Deus.
O GOVERNO DE DEUS
A igreja não nasceu para sumir ou fugir da terra com um planejamento de fuga nas mãos! A igreja nasceu para “transformar” o ambiente e a vida das pessoas ao seu redor em todas as nações da terra! É uma revolução do reino dos céus e do governo de Deus na terra! Um governo de paz e não de morte, nem de dores, injustiça ou violência.
A igreja é sal e luz. Então não se pode esconder o modelo do céu de forma marginalizada, envergonhados ou constrangidos como medrosos e escondidos por causa da Bíblia, mas ao contrário disso, influenciando o mundo com a Cultura de Cristo, aplicar frutos do espírito para que o mundo saiba que o Governo de Deus não é igual ao que vemos nos governos humanos hoje na terra! Se isto não acontecer, não faz sentido a existência da igreja! A igreja, portanto, exerce liderança espiritual sobre a terra. E, pode sim, também, exercer liderança na política, na ciência, na economia, na economia, etc. (por que não)? Quando a igreja preparar a terra para o governo de Yeshua até os confins da terra, todo o joelho se dobrará e toda a língua confessará que Jesus Cristo governa para sempre!!
Vejam bem, não é igreja governando igreja, nem irmão disputando com irmão! É Jesus governando a terra! Isso é governo do céu, cultura do reino, governo de Deus (Gn. 1:28) e (Mc. 16:15). (Mt. 6:10)
CONCLUSÃO
De acordo com este artigo, e, contextualizado com a Palavra de Deus, alguns homens nasceram com chamados “específicos”, carismas (dons) para atuarem na sociedade e servirem o corpo de Cristo.Isso é, autoridade espiritual para servir, e não para manipular! Autoridade não está diretamente relacionada à liderança, pois qualquer líder qualificado ou não pode mandar por força de seu cargo (chefia/patronato), mas só um verdadeiro homem ou mulher aprovados (por Deus) saberão servir como Jesus (autoridade/influência/serviço/cultura do céu/generosidade).
Para contextualizar a leitura e o entendimento, foi destacado 03 (três) carismas importantes para a atualidade, que foram lideranças de células, liderança pastoral e liderança apostólica. Também houve aqui um rápido panorama sobre o governo espiritual, que vem do céu para a terra (e não da terra para a terra).
Apesar de que nenhuma cultura ou sistema exista sem a liderança de um ser, no governo de Deus, seguindo a sua vontade, devemos ter o cuidado de observar o que as Escrituras nos ensinam sobre o tema para que o líder não cometa erros como abusos de poder, arbitrariedades e até mesmo heresias como pseudo “verdades”.
Enfim, aqui vai outra sugestão de leitura para aprofundar o assunto, que é o livro de Joseph Mattera, “A Revolução do Reino”, 2013. “Trazendo mudanças para você e para tudo ao seu redor”. Mattera nos ensina que há muitos líderes ativistas, e essas pessoas querem fazer a diferença de maneira prática em suas cidades. São pessoas apaixonadas e engajadas. Infelizmente, ativistas muitas vezes, se tornam presas da amargura em razão das expectativas fora de sua realidade. Além disso, por causa de seus sensos de urgência e pragmatismo, muitas vezes estes violam os princípios bíblicos e não conseguem ser boas testemunhas do reino de Deus.
REFLEXÃO
Uma pergunta: É correto afirmar que a igreja pode chamar a atenção de um líder que estiver atuando fora da Palavra de Deus, sem responsabilidade, sem ramos, sem raízes? Para ajudar a responder a esta questão vamos de novo para a epístola de João:
o Em João 15:5, Jesus disse:
“Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.”
Fica também a sugestão da leitura do livro “21 Minutos de Poder na Vida de um Líder” de John C. Maxwell, um excelente manual de liderança na igreja e em outras esferas da sociedade.
“Um bom líder pode mandar o povo para a batalha, mas um grande líder conduz as pessoas no meio da luta” (Jonh C. Maxwell)
Graça e paz irmãos. Juízo, hein!…
Claudinho Santos
Fonte: Gospel Prime.

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