7 de março de 2017

Noticia: Em meio a onda antissemita nos EUA, governo Trump é elogiado e lamentado em Israel

Muitos israelenses estão animados pelos sinais de que o presidente Donald Trump será um amigo de Israel. Mas a recente onda de túmulos vandalizados e ameaças contra centros judeus nos Estados Unidos faz com que um número igual se preocupe com a possibilidade de que sua ascensão não seja tão boa para os judeus.

"Judeus na América, isso deveria funcionar", disse Einat Wilf, uma ex-parlamentar pelo Partido Trabalhista, de centro-esquerda. "Essas ocorrências, serão uma aberração? Ou o presidente americano desencadeou forças, intencional ou não intencionalmente, consciente ou inconscientemente, desencadeou forças que contestarão o lugar dos judeus na América?"

Os israelenses se acostumaram à ascensão do nacionalismo na Europa que alimenta o antissemitismo. Mas muitos viam os Estados Unidos, lar do maior número de judeus fora de Israel, como um relativo refúgio do antissemitismo, não outra frente para ele.

Poucos aqui sugerem que isso mudou de forma permanente (apesar de outro político de centro-esquerda, Isaac Herzog, ter dito recentemente que Israel deve se preparar para uma onda de imigrantes americanos).

Mas a preocupação abrange tanto a esquerda quanto a direita, apesar de discordarem de quanta é exatamente a culpa de Trump, que é visto em Israel como se tornando mais confuso a cada dia. O que dizer de um presidente que, no mesmo dia, condena os ataques antissemitas, mas também sugere, em comentários que receberam ampla cobertura aqui, que podem ter sido realizados por seus inimigos?

Há o Trump que o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, descreveu no encontro deles em fevereiro: "Não há maior apoiador do povo judeu e do Estado judeu do que o presidente Donald Trump", ele disse, citando laços pessoais de décadas e acordo em muitas políticas, incluindo os riscos do Irã e do extremismo islâmico.

Mas também há o Trump na foto de primeira página do principal jornal israelense. "Vivendo com Medo em Seu Próprio País", dizia a manchete do jornal "Yediot Aharonot", para uma seção especial de seis páginas no suplemento de fim de semana de sexta-feira sobre "a nova América", com "suásticas, profanação de sepulturas, insultos e ameaças".

Reuven e Negina Abrahamov, donos de um mercearia fora de Tel Aviv, são apoiadores de Trump e estão perturbados com o que veem nos Estados Unidos.

"É uma combinação de racismo e violência, mas não sei ao certo se está diretamente relacionado com Trump", disse Reuven Abrahamov, 43 anos. "Isso pode ser apenas como a América realmente é."

"É claro que está relacionado com Trump", respondeu Negina Abrahamov, 40 anos. "Agora que Trump chegou ao poder, tudo o que ele faz é apoiar Israel. E não acho que Trump seja alguém que faça jogo duplo. Ele apenas segue com sua verdade o tempo todo."

"Mas neste caso, a verdade dele prejudica os judeus e também pode prejudicar Israel", ela disse.

Isso causa um dilema particular para Netanyahu, que está encarregado de guiar o relacionamento, sempre profundo e complicado, com o principal país aliado de Israel.

"O desafio nada invejável diante do governo israelense é como expressar seu horror visceral com o ressurgimento do antissemitismo nos Estados Unidos sem se tornar um peão no debate partidário americano ou colocar em risco seu relacionamento de trabalho crítico com o governo", disse Shalom Lipner, uma ex-conselheiro do governo israelense e agora membro não residente do Centro para Políticas para o Oriente Médio da Instituição Brookings.

Em um momento de fraqueza para Netanyahu, em meio a várias investigações de corrupção, ele encontrou em Trump tanto renovação política quanto uma causa comum. Muitos dos que compartilham as políticas de Netanyahu acharam que, finalmente, Israel contava com um presidente americano que era um amigo incondicional.

Trump prometeu inicialmente mudar a embaixada americana para Jerusalém, há muito o sonho de muitos israelenses, mas que enfrenta oposição pelos palestinos como sendo um reconhecimento de fato da anexação por Israel de Jerusalém Oriental após a guerra de 1967. E Trump ficou inicialmente de forma conspícua em silêncio enquanto Netanyahu anunciava milhares de novas unidades para colonos israelenses na Cisjordânia ocupada e aprovava uma lei contenciosa, concedendo legalidade retroativa a milhares de residências de israelenses construídas em propriedades palestinas.

Mas o presidente se distanciou um pouco desde então, levantando dúvidas sobre se no final seguirá a linha mais tradicional americana em questões críticas israelenses. A mudança da embaixada tem sido adiada. Em uma coletiva de imprensa durante o encontro entre eles, Trump pediu publicamente para que Netanyahu contivesse os assentamentos.

Na mesma coletiva de imprensa, outras divisões aparentes surgiram: Trump notadamente se recusou a condenar o sentimento antissemita entre parte de seus simpatizantes e, no dia seguinte, igualmente se recusou, enquanto repreendia um repórter judeu religioso que lhe fez uma pergunta a respeito.

Por sua vez, o primeiro-ministro enfrentou muitas críticas em Israel por relutar em assumir uma posição pública contra o antissemitismo nos Estados Unidos, aparentemente para não irritar Trump, ou talvez por estar disposto a fazer vista grossa a um conservador solidário.

Mas Netanyahu se manifestou na quarta-feira, após Trump ter aproveitado uma abertura em seu discurso ao Congresso para condenar os ataques e ameaças.

"O antissemitismo certamente não desapareceu. Mas há muito o que podemos fazer para combatê-lo", disse Netanyahu em um discurso gravado, elogiando Trump e o vice-presidente Mike Pence, que também se manifestou contra os ataques.
Fonte: The New York Times



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